quinta-feira, 31 de março de 2011

Pregando sobre o Inferno - Jonathan Edwards

Se nós que cuidamos das almas soubéssemos como é o inferno e conhecêssemos a situação dos condenados à perdição, ou se por algum outro meio nos tornássemos conscientes de quão pavorosa é a condição deles; se ao mesmo tempo soubéssemos que a maioria dos homens foi para lá e víssemos que nossos ouvintes não se dão conta do perigo – nestas circunstâncias, seria moralmente impossível que evitássemos mostrar-lhes com muita seriedade a terrível natureza de tal desgraça e como estão extremamente ameaçados por ele. Nós até mesmo lhe clamaríamos em alta voz.

Quando os ministros pregam friamente sobre o inferno, advertindo os pecadores de que o devem evitar, por mais que suas palavras digam que é infinitamente terrível, eles acabam se contradizendo; pois à semelhança das palavras, as ações também têm sua própria linguagem. Se o sermão de um pregador ilustra a situação do pecador como imensamente pavorosa, enquanto seu comportamento e sua maneira de falar contradizem isso – mostrando que ele não pensa assim – tal ministro vai contra seu objetivo, porque neste caso a linguagem das ações é muito mais eficaz do que o significado puro e simples de suas palavras. Não que eu credite que devemos pregar somente a Lei; acontece que ministros talvez preguem suficientemente outras coisas. O evangelho deve ser proclamado tanto quanto a Lei e esta deve ser pregada apenas para preparar o caminho para o evangelho, a fim de que ele possa ser proclamado de modo mais eficaz. A principal tarefa dos ministros é pregar o evangelho: "Porque o fim da Lei é Cristo para a justiça de todo aquele que crê" (Rm 10.4). Portanto, um pregador ficaria muito além da verdade se insistisse demais nos terrores da Lei, esquecendo seu Senhor e negligenciando a proclamação do evangelho. Mesmo assim, porém, a Lei realmente deve ser enfatizada, e sem isso a pregação do evangelho talvez seja em vão.

Certamente, é belo falar com seriedade e emoção, conforme convém à natureza e importância do assunto. Não nego que possa existir um pouco de impetuosidade imprópria, diferente daquilo que, pela lógica, decorreria da natureza do tema, fazendo com que forma e conteúdo não estejam de acordo. Alguns dizem que é ilógico usar o medo a fim de afugentar as pessoas para o céu. Contudo, acho que faz parte da lógica o esforço para afugentar as pessoas do inferno em cujas margens elas se encontram, prontas para cair dentro dele a qualquer momento, mas sem se dar conta do perigo. Não seria justo afugentar alguém para fora de uma casa em chamas? O medo justificável, para o qual há uma boa razão, certamente não deve ser criticado como se fosse algo ilógico.

Fonte: Jonathan Edwards

segunda-feira, 28 de março de 2011

O verdadeiro Arrependimento



“Olharão para aquele a quem traspassaram” (Zacarias 12.10).

O quebrantamento santo que faz um homem lamentar o seu pecado surge de uma operação divina. O homem caído não pode renovar seu próprio coração. O diamante pode mudar seu próprio estado para tornar-se maleável, ou o granito amolecer a si mesmo, transformando-se em argila? Somente aquele que estendeu os céus e lançou os fundamentos da terra pode formar e reformar o espírito do homem. O poder de fazer que da rocha de nossa natureza fluam rios de arrependimento não está na própria rocha. O poder jaz no onipotente Espírito de Deus... Quando Deus lida com a mente do homem, por meio de suas operações secretas e misteriosas, Ele a enche com uma nova vida, percepção e emoção. “Deus... me fez desmaiar o coração” (Jó 23.16), disse Jó. E, no melhor sentido, isso é verdade. O Espírito Santo nos torna maleáveis e nos tornamos receptíveis às suas impressões sagradas... Agora, quero abordar o âmago e a essência de nosso assunto.

O enternecimento do coração e o lamento pelo pecado são produzidos por olharmos, pela fé, para o Filho de Deus traspassado. A verdadeira tristeza pelo pecado não acontece sem o Espírito de Deus. Mas o Espírito de Deus não realiza essa tristeza sem levar-nos a olhar para Jesus crucificado. Não há verdadeiro lamento pelo pecado enquanto não vemos a Cristo... Ó alma, quando você chega a contemplar Aquele para quem todos deveriam olhar, Aquele que foi traspassado, então seus olhos começam a lamentar aquilo pelo que todos deveriam chorar — o pecado que imolou o seu Salvador!Não há arrependimento salvífico sem a contemplação da cruz... O arrependimento evangélico é o único arrependimento aceitável. E a essência desse arrependimento é olhar para Aquele que foi moído pelos pecados... Observe isto: quando o Espírito Santo realmente opera, Ele leva a alma a olhar para Cristo. Nunca uma pessoa recebeu o Espírito de Deus para a salvação, sem que tenha recebido dEle o olhar para Cristo e o lamentar por seus pecados.

A fé e o arrependimento são gerados e prosperam juntos. Ninguém deve separar o que Deus uniu! Ninguém pode arrepender-se do pecado sem crer em Jesus, nem crer em Jesus sem arrepender-se do pecado. Olhe, então, com amor para Aquele que derramou seu sangue, na cruz, por você. Por meio desse olhar, você obterá perdão e quebrantamento. Quão admirável é o fato de que todos os nossos males podem ser curados por um único remédio: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra” (Is 45.22). Contudo, ninguém olhará para Cristo sem que o Espírito de Deus o incline a fazer isso. Ele não conduz uma pessoa à salvação, se ela não se rende às suas influências e não volve seu olhar para Jesus...

O olhar que nos abençoa, produzindo quebrantamento de coração, é o olhar para Jesus como Aquele que foi traspassado. Quero me demorar nisso por um momento. Não é somente o olhar para Jesus como Deus que afeta o coração, mas também olhar para este mesmo Senhor e Deus como Aquele que foi crucificado por nós. Vemos o Senhor traspassado, e, em seguida, inicia-se o traspassamento de nosso coração. Quando o Espírito Santo nos revela Jesus, os nossos pecados também começam a ser expostos...

Venham, almas queridas, vamos juntos à cruz, por um pouco, e notemos quem era Aquele que recebeu a lançada do soldado romano. Olhe para o seu lado e observe aquela terrível ferida que atingiu seu coração e desencadeou um duplo fluxo de sangue. O centurião disse: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27.54). Aquele que, por natureza, é Deus e governa sobre tudo, sem o Qual “nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3), tomou sobre Si mesmo nossa natureza e se tornou homem, como nós, mas não tinha qualquer mácula de pecado. E, vivendo em forma humana, foi obediente até à morte, morte de cruz. Foi Ele quem morreu! Ele, o único que possui a imortalidade, condescendeu em morrer! Ele, que era toda a glória e poder, sim, Ele morreu! Ele, que era toda a ternura e graça, sim, Ele morreu! Infinita bondade esteve pendurada na cruz! Beleza indescritível foi traspassada com uma lança! Essa tragédia excede todas as outras! Por mais perversa que tenha sido a ingratidão do homem em outros casos, a sua mais perversa ingratidão se expressou no caso de Jesus! Por mais horrível que tenha sido o ódio do homem contra a virtude, o seu ódio mais cruel foi manifestado contra Jesus! No caso de Jesus, o inferno superou todas as suas vilezas anteriores, clamando: “Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo” (Mt 21.38).

Deus habitou entre nós, e os homens não O aceitaram. Visto que o homem foi capaz de traspassar e matar o seu Deus, ele cometeu um pecado horrível. O homem matou o Senhor Jesus Cristo e O traspassou com uma lança! Nesse ato, o homem mostrou o que fariam com o próprio Eterno, se pudesse chegar até Ele. O homem é, no coração, assassino de Deus. Ele se alegria se Deus não existisse. Ele diz em seu coração: “Não há Deus” (Sl 14.1). Se a sua mão pudesse ir tão longe quanto o seu coração, Deus não existiria nem mesmo por mais uma hora. Isto dá ao traspassamento de nosso Senhor uma forte intensidade de pecado: foi o traspassamento de Deus.

Por quê? Por que razão o bom Deus foi assim perseguido? Oh! pelo amor de nosso Senhor Jesus Cristo, pela glória de sua Pessoa, pela perfeição de seu caráter, eu lhe peço — admire-se e envergonhe-se de que Ele foi traspassado! Não foi uma morte comum. Aquele assassinato não foi um crime comum. Ó homem, Aquele que foi traspassado com a lança era o seu Deus! Na cruz, contemple o seu Criador, o seu Benfeitor, o seu melhor Amigo!

Olhe firmemente para Aquele que foi traspassado e observe o Sofredor que é descrito na palavra “traspassado”. Nosso Senhor sofreu severa e terrivelmente. Não posso, em uma mensagem, descrever a história de seus sofrimentos — as tristezas de sua vida de pobreza e perseguição; as angústias do Getsêmani e do suor de sangue; as tristezas de seu abandono, traição e negação; as tristezas no palácio de Pilatos; os golpes de chicotes, o cuspe e o escárnio; as tristezas da cruz, com sua desonra e agonia... Nosso Senhor foi feito maldição por nós. A penalidade do pecado ou o que lhe era equivalente, Ele a suportou, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1 Pe 2.24). “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5).

Irmãos, os sofrimentos de Jesus devem amolecer nosso coração! Nesta manhã, lamento o fato de que não me entristeço como deveria. Acuso a mim mesmo daquele endurecimento de coração que eu condeno, visto que posso contar-lhes essa história sem enternecimento de coração. Os sofrimentos de meu Senhor são indescritíveis. Examinem e verifiquem se já houve tristeza semelhante à de Jesus! A sua tristeza foi abismal e insondável... Se você considerar firmemente a Jesus traspassado por nossos pecados e tudo que isso significa, seu coração se dilatará! Mais cedo ou mais tarde, a cruz desenvolverá todo sentimento que você será capaz de produzir e lhe dará capacidade para mais. Quando o Espírito Santo põe a cruz no coração, o coração se dissolve em ternura... A dureza de coração desaparece quando, com profundo temor, contemplamos a Jesus sendo morto.

Devemos também observar quem foram os que traspassaram a Jesus. “Olharão para aquele a quem traspassaram.” Ambos os verbos se referem às mesmas pessoas. Nós matamos o Salvador, nós que olhamos para Ele e vivemos... No caso do Salvador, o pecado foi a causa de sua morte. O pecado O traspassou. O pecado de quem? Não foi o pecado dEle mesmo, pois Ele não tinha pecado, e nenhum engano se achou em seus lábios. Pilatos disse: “Não vejo neste homem crime algum” (Lc 23.4). Irmãos, o Messias foi morto, mas não por causa dEle mesmo. Nossos pecados mataram o Salvador. Ele sofreu porque não havia outra maneira de vindicar a justiça de Deus e de prover-nos um escape da condenação. A espada, que deveria cair sobre nós, foi despertada contra o Pastor do Senhor, contra o Homem que era o Companheiro de Jeová (Zc 13.7)... Se isso não quebranta nem amolece nosso coração, observemos por que Ele foi levado a uma posição em que poderia ser traspassado por nossos pecados. Foi o amor, poderoso amor, nada mais do que o amor, que O levou até à cruz. Nenhuma outra acusação Lhe pode ser atribuída, exceto esta: Ele era culpado de amor excessivo. Ele se colocou no caminho do traspassamento, porque resolvera salvar-nos... Ouviremos isso, pensaremos nisso, consideraremos isso e permaneceremos apáticos? Somos piores do que os brutos? Tudo que é humano abandonou a nossa humanidade? Se Deus, o Espírito Santo, está agindo agora, uma contemplação de Cristo derreterá o nosso coração de pedra...

Quero dizer-lhes ainda, ó amados: quanto mais olharmos para Jesus crucificado, tanto mais lamentaremos o nosso pecado. A reflexão crescente produzirá sensibilidade crescente. Desejo que olhem muito para Aquele que foi traspassado, para que odeiem cada vez mais o pecado. Livros que expõem a paixão de nosso Senhor e hinos que cantam a sua cruz sempre foram bastante queridos pelos crentes piedosos, por causa de sua influência sobre o coração e a consciência deles. Vivam no Calvário, amados, até que viver e amar se tornem a mesma coisa. Diria também: olhem para Aquele que foi traspassado, até que o coração de vocês seja traspassado.

Um antigo teólogo dizia: “Olhe para a cruz, até que tudo que está na cruz esteja em seu coração”. E acrescentou: “Olhe para Jesus, até que Ele olhe para você”. Olhem com firmeza para o sua Pessoa sofredora, até que Ele pareça estar volvendo sua cabeça e olhando para você, assim como o fez com Pedro, que saiu e chorou amargamente. Olhe para Jesus, até que você veja a si mesmo. Lamente por Ele, até que lamente por seu próprio pecado... Ele sofreu em lugar, em favor e em benefício de homens culpados. Isso é o evangelho. Não importa o que os outros preguem, “nós pregamos a Cristo crucificado” (1 Co 1.23). Sempre levaremos a cruz na vanguarda. A essência do evangelho é Cristo como substituto do pecador. Não evitamos falar sobre a doutrina do Segundo Advento, mas, antes e acima de tudo, pregamos Aquele que foi traspassado. Isso levará ao arrependimento evangélico, quando o Espírito de graça for derramado.

sábado, 26 de março de 2011

A Parábola dos Dois Caminhos

O nascimento natural é a porta larga que dá acesso ao caminho largo de perdição, e o novo nascimento a porta de entrada que dá acesso ao caminho estreito que conduz a salvação. É através do nascimento que o homem entra pelas portas, tanto para a porta larga, quanto para a porta estreita.

"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" ( Mt 7:13 -14).



Jesus apresentou aos ouvintes do Sermão do Monte uma necessidade: a necessidade de entrarem pela “porta estreita”. Em seguida Ele apresentou o motivo pelo qual é necessário entrar pela porta estreita: “Pois larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição...” ( Mt 7:14 ).

Diante da necessidade que Jesus apresentou, surgem as perguntas: O que é a porta estreita? Como entrar por ela? Por que entrar pela porta estreita é a única saída para o homem livrar-se da perdição?

O ‘Sermão do Monte’ não pode ser visto como um aglomerado de idéias desconexas, ou um apanhado geral de conduta e normas sociais. A proposta do Sermão do Monte trata de questões eternas. Através das ‘Bem-aventuranças’ anunciadas Jesus conquistou a atenção dos seus ouvintes ( Mt 5:1 -12), e, em seguida, ele apresentou a nova condição dos seus discípulos: “Bem-aventurados” ( Mt 5:13 -16).

A multidão que reuniu-se para ouvir a mensagem de Cristo não sabia qual a missão de Jesus, e Ele aproveita para destacar alguns aspectos importantes da sua missão:

a) Jesus não veio destruir e nem descumprir a lei e os profetas (v. 17);
b) Jesus demonstrou aos seus ouvintes que é impossível entrar no reino dos céus seguindo a doutrina dos escribas e fariseus, uma vez que, eles não haviam alçando a justiça de Deus (v. 20);
c) Jesus apresentou exemplos práticos de como é impossível entrar no reino dos céus através do cumprimento da lei, ao apresentar aos seus ouvintes o inatingível espírito da lei “Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério...” ( Mt 5:21 à Mt 7:11 );
d) Jesus demonstrou que a lei e os profetas resume-se em um mandamento: ‘amar o próximo como a si mesmo’ ( Mt 7:12 ).


Após demonstrar a impossibilidade dos homens entrarem no reino dos céus através da doutrina dos escribas e fariseus ( Mt 5:20 ) Jesus, apresenta a parábola dos ‘Dois Caminhos’ para ilustrar o único meio de salvação ( Mt 7:13 ).

Somente após entrar pela ‘Porta Estreita’ o homem alcança a ‘justiça superior’ à justiça dos escribas e fariseus.

A mensagem que o Senhor Jesus trouxe no Sermão do Monte é una, concisa e precisa no que propõe. Na essência, a idéia apresentada no Sermão do Monte é a mesma apresentada no diálogo entre Jesus e Nicodemos. O que difere é a abordagem: no ‘Sermão do Monte’ o público alvo era misto e composto principalmente por leigos, já o ensinamento de Jesus a Nicodemos, um mestre erudito, é a altura de um conhecedor da lei.

Tudo que foi demonstrado no Sermão do Monte, Jesus também revelou a Nicodemos:

a) Era impossível a Nicodemos entrar no reino dos céus, embora representasse o melhor da religião, do conhecimento, do comportamento e da moral humana;
b) Jesus demonstra que a doutrina que Nicodemos seguia não o conduziria à salvação, antes, era necessário nascer de novo;
c) Da mesma forma que, para o mestre em Israel era necessário nascer de novo, para o povo ‘leigo’ era necessário entrar pela porta estreita.


O novo nascimento equivale à figura da porta estreita. A equivalência entre porta estreita e novo nascimento decorre da necessidade, pois necessário é entrar pela porta estreita, o que só é possível através do novo nascimento. Não há outro meio de acesso à porta estreita, a não ser através do novo nascimento, que se dá por intermédio do evangelho ( Jo 3:16 ).

Por que é necessário nascer de novo? Por que é necessário entrar pela porta estreita? Porque somente após nascer de novo o homem entra pela porta estreita, deixando de trilhar o caminho espaçoso que todos se põem a trilhar quando nascem segundo Adão, e que conduz à perdição ( Jo 3:16 ; Mt 7:13 ).

Quando disse que era necessário Nicodemos nascer de novo, Jesus estava demonstrando que era impossível alcançar a vida eterna seguindo a doutrina dos fariseus. O maior problema de Nicodemos não estava na prática da Lei, antes, ter entrado por uma porta larga que dá acesso a um caminho que conduz à perdição.

Por que era necessário Nicodemos nascer de novo, ou seja, entrar pela porta estreita? Quando foi que ele entrou pela porta larga? Quem é a porta larga?

Sabemos que Jesus é a ‘Porta Estreita’, e que Ele é o ‘Caminho Apertado’ que conduz o homem à salvação, porém, o que é a porta larga? A resposta é deduzida do versículo seguinte: “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante” ( 1Co 15:45 ).

Observando o que Paulo escreveu aos Coríntios, percebe-se que Adão é a porta larga, e Cristo, o último Adão, a “Porta Estreita”. O maior problema de Nicodemos estava na porta que ele havia entrado quando veio ao mundo: Adão.

Ou seja, o nascimento natural é a porta larga que dá acesso ao caminho largo de perdição, e o novo nascimento a porta de entrada que dá acesso ao caminho estreito que conduz a salvação. É através do nascimento que o homem entra pelas portas, tanto para a porta larga, quanto para a porta estreita.

O homem entra pela porta larga através do nascimento natural por nascer de uma semente corruptível, a semente de Adão. Somente é possível entrar pela porta estreita quando o homem nasce da Palavra de Deus, a semente incorruptível.

Ou seja, tanto a porta larga quanto a porta estreita são 'acessadas' por meio do nascimento. A porta larga é acessada quando os homens vêem ao mundo, ao nascer da semente de Adão (a semente corruptível). Da mesma forma, a porta estreita só é acessada através do novo nascimento, quando o homem nasce da Palavra de Deus (a semente incorruptível) ( 1Pe 1:23 ).

Nicodemos precisava nascer de novo, uma vez que era nascido segundo Adão. Ele era filho da ira e da desobediência, a desobediência de Adão. Por mais que ele procurasse seguir os quesitos da lei, o seu caminho era de perdição, pois a porta que Nicodemos havia entrado era larga e seguia para a perdição.

A humanidade sem Cristo entra pela porta larga, pois são gerados segundo Adão, e seguem por um caminho largo de perdição. São muitos os que seguem o caminho largo, visto que, poucos são os que entram por Cristo.

Nicodemos foi informado que, para entrar pela porta estreita, que é Cristo, era necessário nascer novamente. Era necessário crer em Cristo, o enviado de Deus, para que ele pudesse nascer de novo.

Por meio da fé na mensagem do evangelho o homem nasce da semente incorruptível (que é a palavra de Deus), e tem acesso ao caminho apertado. São 'poucos' os que encontram a porta estreita, se comparado aos que entram pela porta larga.

Verifica-se então que a parábola dos 'Dois Caminhos' refere-se à necessidade do novo nascimento, e que o cumprimento da lei diz respeito ao amor ao próximo, e não à salvação, como muitos à época de Cristo pensavam.

Se a lei fosse para a salvação, não seria preciso Moisés clamar ao povo, logo após a entrega da lei, a seguinte ordem: "Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz" ( Dt 10:16 ).

Observe que o cumprimento da lei real (amor) somente tem valor após a obediência ao mandamento divino, que é crer em Cristo: "Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo..." ( 1Jo 3:23 ), ou seja, amar o próximo, somente é válido diante de Deus após o novo nascimento, ou seja '...segundo o mandamento que nos ordenou' (v. 23) "Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis" ( Tg 2:8 ).

Quando entendemos o que Jesus propôs na parábola dos ‘Dois Caminhos’ compreendemos que em momento algum os ensinamentos de Jesus e Paulo destoam, visto que, 'entrar pela porta estreita' é o mesmo que 'viver em Espírito', ou seja, ambos decorrem do ‘novo nascimento’. Andar no caminho apertado que conduz à vida é o mesmo que 'andar em Espírito', ou seja, andar como filhos da Luz ( Gl 5:25 e Ef 5:8 ).

Perguntas e Respostas:

1) Quem é a porta estreita? ( Jo 10:9 )
R. Jesus identificou-se como a porta estreita.

2) Quem é a porta larga? ( 1Co 15:45 )
R. Assim como Jesus, a porta estreita, é o último Adão, a porta larga é Adão.

3) Como entrar pela porta larga? ( Jo 1:13 )
R. É simples! Todos os homens ao nascerem neste mundo entraram pela porta larga, e seguem pelo caminho largo que conduz a perdição.

4) Como entrar pela porta estreita? ( 1Jo 3:23 )
R. É preciso nascer de novo, da água (palavra de Deus) e do Espírito (de Deus).

5) É possível entrar pela porta estreita antes de entrar pela porta larga? ( 1Co 15:46 )
R. Não! Primeiro vem a existência o homem carnal, para depois vir o homem espiritual.

6) Com base no que o texto ‘Os dois Caminhos’ expõe, que é a árvore que o Pai não plantou? ( Mt 15:13 )
R. Todos os homens que entraram pelo caminho largo que é nascer de Adão são as plantas que o Pai nãoplantou.

7) No Novo testamento é preciso nascer de novo. E o que era preciso no Velho testamento? ( Dt 10:16 )
No Antigo Testamento a recomendação era a circuncisão do coração, ou seja, era preciso fazer uma incisão no coração que levaria a morte da velha natureza, algo só possível pela fé em Deus.

8) No Novo Testamento o Novo Nascimento é através da Fé e a circuncisão do coração é pela _Fé___ e alcança tanto homens quanto __as mulheres___.

9) ‘Viver em Espírito’ decorre do __Novo Nascimento____, e ‘andar em Espírito’ equivale a __andar como Filhos da Luz_____ .

10) Basta amar o próximo para ser salvo? ( 1Jo 3:23 )
R. Não! É preciso nascer de novo pela fé em Cristo, o último Adão.

11) O que é preciso para ser salvo? Qual é a obra que o homem deve fazer? ( 1Jo 3:23 )
R. É preciso abandonar os antigos conceitos de como ser salvo (arrepender-se), e crer em Cristo Jesus como diz as Escrituras. Não há obra alguma a ser realizada para ser salvo, pois a obra é de Deus, que cria o novo homem em verdadeira justiça e santidade.

12) Qual o caminho estreito?
R. O caminho estreito é Cristo.

13) Como se dá o acesso ao caminho estreito?
R. Todos que nascem de novo estão trilhando o caminho estreito que conduz a salvação.

14) Qual o caminho largo?
R. É o caminho que a humanidade gerada em Adão trilha.

15) Qual o acesso ao caminho largo?
R. Adão é o acesso ao caminho largo.

16) É correto alegar que uma igreja de costumes liberais é uma porta larga?
R. Não. Ao adotar este posicionamento estaria distorcendo o verdadeiro significado da parábola dos dois caminhos.

Fonte:Estudo Bíblico 





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quinta-feira, 24 de março de 2011

Estudo Sobre a Predestinação



I. Introdução
Dentre as doutrinas contidas na Bíblia, a predestinação é uma das mais difíceis de serem abordadas. Creio que poderíamos identificar três razões para essa dificuldade:
1. Rejeição em função de nossa natureza pecaminosa Nossa natureza, influenciada pelo pecado, traz uma tendência de rejeição da exaltação do Deus Soberano, ao mesmo tempo em que passa a considerar o homem superior àquilo que ele realmente é. Nesse sentido, tendemos nos apresentar numa posição de autonomia e superioridade, contrariando o que a Palavra de Deus nos revela sobre o nosso ser. As pessoas fazem um grande esforço para se desvincularem da esfera de autoridade divina, e para tirarem Deus da regência de suas vidas e do seu destino.
2. Distorção, por insuficiência de base bíblica – Às vezes, a doutrina é apresentada, ou absorvida com um exame superficial da base bíblica. Se todos os ângulos não forem estudados, ou se recorrermos mais ao “eu acho”, “eu penso”, do que a uma aceitação sem preconceitos do que a Bíblia revela, sobre as ações e planos do Deus soberano, saímos com uma idéia distorcida dessa doutrina.
3. Diluição, para facilidade de compreensão – Muitas vezes, temos a idéia de que a veracidade ou não de uma doutrina está baseada na nossa capacidade de compreensão total da mesma, esquecendo-nos de que nossa compreensão é finita, imperfeita e limitada. A diluição, ao nível de nossa capacidade, traz uma série de problemas secundários que tornam a doutrina, no cômputo final, diferente da apresentação bíblica e de impossível aceitação, mediante um estudo sério da questão.
Quando estudarmos a predestinação teremos, portanto, de estar cientes das dificuldades do estudo mas, se tivermos seriedade e humildade para aprender o que Deus nos revelar em sua palavra, devemos ter a disposição de considerar:
1. Os dados bíblicos – examinarmos o maior número possível de passagens.
2. A necessidade de não rejeitar os conceitos bíblicos simplesmente porque estes podem fugir à nossa compreensão, ou experiência, mas deixá-los permanecer em toda a sua objetividade e lógica transcendental, gradativamente, pela ação do Espírito, penetrando em nossas convicções.
3. O testemunho histórico da Igreja – ele não determina doutrina, mas o seu estudo é relevante para vermos como Deus tem guiado a sua igreja, e para discernirmos a diferença entre inovações – ventos de doutrina e as doutrinas verdadeiras provadas no cadinho do tempo e da história eclesiástica.
4. O fato de que, quanto mais aprendermos e exaltarmos a pessoa de Deus, mais cresceremos espiritualmente e mais chegaremos perto de nossa finalidade que é a de glorificarmos a ele, em todas as nossas ações.
II. O Plano de Deus – No seu relacionamento com o homem, Deus tem um
PLANO, que é mais do que um mero MAPA, constituído de caminhos alternativos, para se chegar a dois destinos finais. A Bíblia nos diz que Deus tem um plano – este plano é:
A. Eterno. Is 46.9 e 10, diz: “ Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (veja também: 2Tm 1.9; Sl 33.11; Is 37.26; Jr 31.3; Mt 25.34; 1 Pe 1.20; Sl 139.16; 2 Ts 2.13; At 15.17,18).
B. Imutável. Tg 1.17-18, diz: “ Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança...” (veja também: Is 14.24,27; Is 46.10,11; Nm 23.19; Ml 3.6).
C. Inclui os atos futuros dos homens. Isso pode ser visto em todas as profecias da Bíblia, mas considere, especialmente, Mt 20.18 e 19: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá”; e Lc 22.22: “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído” (veja também: Dn 2.28 e Jo 6.64).
D. Inclui os eventos não importantes, ou ocasionais. Como lemos em Pv 16.33: A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também: Jn 1.7; At 1.24,26; Mc 14.30; 1 Rs 22.28-34).
E. Especifica a certeza e a inevitabilidade dos eventos. Já vimos isso em Lc 22.22, acima, e o mesmo conceito está presente em Jo 8.20: “... ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora(veja também: Gn 41.32; Hq 2.3; Mt 24.36; Lc 21.24; Jr 15.2; Jó 14.5; Jr 27.7).
F. Até os atos pecaminosos do homem estão incluídos (sem que Deus seja o autor de pecado). Lemos em Gn 45.8, que as ações malévolas dos irmãos de José faziam parte do plano de Deus: “Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito”. Deus, entretanto, não é o autor do pecado, como nos ensina Tg 1.13 e Dt 32.4: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (veja também: Sl 5.4; Tg 1.13; Gn 50.20; Mt 21.42; At 3.17-18; Am 3.6).
III. O livre arbítrio e a liberdade – O nosso conceito de liberdade e de livre arbítrio é muitas vezes identificado com a execução de ações erráticas, aleatórias, sem nenhum enquadramento em um modelo comportamental ou sem nenhuma ligação com a natureza e características intrínsecas das pessoas. Será que é mesmo assim? Vamos repensar um pouco os nossos conceitos, partindo de um exame da doutrina bíblica sobre a pessoa de Deus:
A. DEUS é livre?
1. Certamente que sim!—Ele é livre em um grau muito mais alto do que qualquer outro ser. Veja a Sua liberdade expressa no Sl 115.3: “ No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada ; e em 1 Co 12.11: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um...”.
2. Isto significa que suas ações são incertas? Que ele pode mudar como um pêndulo? Pode ele quebrar o concerto com o Seu povo? Não! Por que não? Existe alguma compulsão EXTERNA obrigando-o a isto?
3. Certamente que não! Não existe nenhum agente ou força externa exercendo pressão ou autoridade sobre Deus, que é Soberano e está acima de tudo e todos.
4. ENTRETANTO, é impossível para Deus mentir! Tito 1.2 fala do “... Deus que não pode mentir... ”. Por que? Porque isto seria contrário à sua natureza e aos seus atributos! O Breve Catecismo de Westminster, responde a pergunta 4 (“Quem é Deus?”) com uma descrição dos atributos de Deus:
Deus é Espírito: Infinito Ser, Sabedoria, Eterno Poder, Justiça, Imutável em sua Bondade e Verdade.
5. Portanto, nunca, na menor de Suas ações, Ele se desviará daquele padrão de perfeição que Sua própria natureza determina.
B. E o HOMEM, ele é livre?
1. SIM, o homem é livre no sentido de que suas escolhas não são determinadas, em linhas gerais, por nenhuma compulsão externa. Podemos dizer que ele tem LIVRE AGÊNCIA.
2. ENTRETANTO, suas ações são determinadas pela natureza de seu próprio caráter, e nós sabemos que esta natureza é só pecado (Rm. 3.10-23). Neste sentido, ele não tem LIVRE ARBÍTRIO de escolher o bem, pois é escravo do pecado. Este “livre arbítrio” foi perdido com a queda, em Adão.
3. Mesmo não possuindo “livre arbítrio”, definido como a possibilidade de escolha do bem, a “liberdade” que possui, definida como livre agência, não é incompatível com o enquadramento do Homem nos planos divinos. Deus, soberanamente, executa os seus desígnios ATRAVÉS da vontade das suas criaturas (veja os seguintes trechos: Fp 2.13; Pv 20.24; 2 Co 3.5; Jr 10.23; Rm 9.16 e Tg 4.13-15).
* Talvez não compreendamos COMO Deus faz isso – como Ele preserva a livre agência, mas executa com precisão os Seus planos. Mas a aceitação dos pontos 2 e 3, acima, é a chave para entendermos melhor a doutrina da soberania de Deus e a própria predestinação. Não é negando a existência do plano de Deus, nem diminuindo a sua soberania, que retratamos a realidade expressa na Bíblia sobre essas questões. Não possuímos “livre arbítrio”, mas Deus é infinitamente soberano e onipotente para executar seus planos, sem violação da LIVRE AGÊNCIA que nos concedeu.
IV. Deus realmente determina as ações do homem? Cremos que sim. Na execução do seu plano soberano ele determina “tudo que acontece”, mas muitos têm dificuldade na aceitação deste fato. Na realidade, temos apenas duas posições possíveis, ou Deus determina as ações do Homem, ou Ele não determina estas e o homem é completamente autônomo.
Concordamos que este é um ponto de difícil compreensão. Alguns tentam contornar este problema dizendo que Deus não determina, na realidade, mas como Ele tudo conhece de antemão, Ele “determinaria”, ou “predestinaria”, as coisas que Ele sabe que irão acontecer. Ou seja, a sua determinação é dependente do Seu conhecimento prévio, de sua onisciência. Com isso, procura-se deixar as pessoas “livres”.
Será que é mesmo assim e que esta posição resolve o problema? Cremos que não! Querer resolver o problema da “liberdade humana” ancorando a soberania de Deus e a sua predestinação na onisciência dele, traz uma solução apenas aparente mas não real. A Confissão de Fé de Westminster, em seu Cap. III, seção 2, diz que Deus “... não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura”.
Vejamos a posição contrária: se ele determina, simplesmente porque conhece de antemão (como, por exemplo, falando-se das profecias registrada na Palavra de Deus), na hora em que ele houvesse determinado, essas situações se tornariam fixas e imutáveis. Dificilmente um cristão dirá que Deus não é soberano, ou que ele não cumpre o que profetizou. Sendo Ele soberano as coisas serão cumpridas, como previamente registradas. Como fica, então, a defesa da liberdade irrestrita das pessoas, do “livre arbítrio”, neste sentido? E se os homens, segundo esse conceito, que são os agentes diretos do cumprimento das determinações que Deus colocou no seu plano (apenas “porque Ele já conhecia”), na última hora resolverem “mudar de idéia”, como fica esse plano de Deus? Deus também ficará mudando, à mercê das determinações do homem, e até quando?
Vemos que procurar escapar à imensa evidência bíblica que ensina a irrestrita soberania de Deus, o seu plano sábio e sua onipotência no cumprir tudo que antes predeterminou, com o sofisma de que Deus realmente não determina, mas apenas conhece previamente, não traz qualquer pretensa “liberdade” ao homem, a não ser que se pretenda reduzir o poder de Deus. A seguir, temos um diagrama com as diferentes alternativas, posições e algumas referências bíblicas, mostrando como podemos organizar os dados das Escrituras e, até onde levam alguns pensamentos e deduções:
V. A Predestinação – Dentro do contexto bíblico, que estamos estudando, a Predestinação é simplesmente um ponto específico deste plano de Deus. O nosso Deus é soberano e não existe uma área sequer do universo, da nossa vida e existência, que não esteja sob esta soberania e regência, inclusive a questão da salvação de almas.
A. Definição: Poderíamos definir a Predestinação como sendo:
O aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do crente é considerada efetuada de acordo com a vontade de Deus, que o chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação VOLUNTÁRIA, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma CONSEQUÊNCIA desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição, tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais.
B. A Fonte da Predestinação: É a Soberana Vontade de Deus. No capítulo 6 do Evangelho de João, temos três versículos pertinentes: 37 – “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”; 44 – “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”; e 65 – “E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido” (veja também – Ef 1.4, 5 e 11; Rm 9.11, 16).
C. A Causa da Predestinação: É a misericórdia infinita de Deus e a manifestação de sua glória. Rm 9.23 diz – “... a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão (veja também – Rm 11.33; Ef 1.6 e Jo 3.16).
D. Os Objetos da Predestinação: Pessoas pecadoras. Note Jo 1.12 e 13 – “ Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (veja também esses versos, todos em João – 5.21; 6.65; 10.26 e 27; 12.37-41; 15.16; 17.6-8).
E. Os Meios para a concretização da Predestinação:
1. O chamado externo – Mt 22.14 “ Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” .
2. A resposta ao chamado interno (crença) – At 13.48 “... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”.
VI. A Doutrina da Predestinação, na História . Vamos dar uma olhada “relâmpago” na acolhida, exposição e reflexos das doutrinas relacionadas com a Soberania de Deus, com Seus decretos e, especialmente, com a Predestinação através da história:
A. Entre os Judeus: Os Judeus aceitavam normalmente a idéia de Deus, expressa no Antigo Testamento, que o apresenta como estando em controle de tudo e de todos, dirigindo os passos e os destinos dos homens, como indica Pv 16.33 – “ A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também – Am 3.5 e 6; Is 45.7 e Jo 9.2).
B. Na História da Igreja Neo-testamentária:
1. Ensinada por Jesus – Jo 5.21; 6.65; 10.27; 15.16.
2. Explanada por Paulo – Rm 9.1-16; Ef 1.4,5-11.
3. Registrada por João, Lucas e outros: Jo 1.12,13; At 13.48
4. Aceita pelos Patriarcas da Igreja, como por exemplo: Policarpo, Irineu e Eusébio.
5. Contestada pelos ramos heréticos da Igreja, dos quais o maior expoente, nos primeiros séculos, foi PELÁGIO, que defendia o livre arbítrio irrestrito, em oposição a AGOSTINHO, que defendeu e enalteceu a Soberania de Deus em todas as esferas, principalmente na salvação de almas.
6.Esquecida pela Igreja Católica, na medida em que ela foi se formando entrelaçada ao Estado, após a regência do Imperador Constantino. Este esquecimento foi paralelo ao de outras doutrinas cardeais da Bíblia, que foram sufocadas e suplantadas pelas tradições e conveniências da Igreja, concretizando-se no humanismo pragmático de Tomás de Aquino.
7.Reaparecida em todos os movimentos Pré-reforma que desabrocharam na Idade Média, sendo uma constante, paralelamente às outras doutrinas chaves da Bíblia, entre os Valdenses (seguidores de Waldo), os Hussitas (seguidores de João Huss) os Lolardos (seguidores de Wyclif), etc.
8.Revivida por Lutero, na Reforma do Século XVI, que despertando para as doutrinas fundamentais que haviam sido mumificadas pela Igreja Católica, a defende e a proclama, principalmente em seu livro: “De Servo Arbitrio” (A Prisão do Arbítrio), escrito em resposta a Erasmo de Roterdã.
9.Constante em todos os movimentos Pós-reforma, como por exemplo nos escritos e tratados de Melânchton, Zuínglio, João Knox, etc.
10.Sistematizada, em seus ensinamentos, por João Calvino, que reapresenta e sistematiza a posição de Paulo e de Agostinho em seu tratado “Institutas da Religião Cristã”, e em outros livros e comentários bíblicos que escreveu, fundamentando a posição da Igreja Protestante contra os Arminianos.
11.Atacada apenas, nesta ocasião, por Jacobus Armínius e seus seguidores, que assumiram a posição de Pelágio (vide item 5, acima), levando ao posicionamento contrário, oficial, conhecido como os cânones de Dort (Dordrecht) – que resume a doutrina reformada sobre a soberania de Deus na salvação , refletindo, igualmente a interpretação bíblica dessas doutrinas contidas no Catecismo de Heildelberg e na Confissão de Fé Belga.
12.Constituída no posicionamento oficial de quase todas as denominações que se afirmaram após a Reforma:
PRESBITERIANOS—A apresentam na Confissão de Fé de Westminster, principalmente nos capítulos V, VIII, IX, X, XI e em várias perguntas e respostas dos Catecismos (Breve e Maior).
BATISTAS—Estes adotaram a Confissão de Fé de Londres (1689, na Inglaterra e 1742 nos Estados Unidos), que é semelhante em tudo à de Westminster, exceto na forma prescrita para o batismo.
CONGREGACIONAIS—Na sua doutrina soteriológica se assemelhavam aos Presbiterianos. Alguns puritanos (caracterizados pela convicção plena da soberania de Deus) eram presbiterianos, outros (como Roger Williams, na América) eram batistas, mas muitos eram congregacionais, como Jonathan Edwards.
ANGLICANOS—Na primeira reestruturação desta Igreja, sob Edward VI, quando foram escritos os 42 Artigos de Fé, a soberania de Deus e a posição Calvinista, sobre a salvação, foi retratada e defendida.
13.Presente nas mensagens dos grandes pregadores dos séculos 17 a 19, tais como CHARLES SPURGEON—O grande pastor batista, que muito escreveu sobre eleição e soberania de Deus.
J. EDWARDS e GEORGE WHITEFIELD, nos EE UU, e muitos outros de tradição puritana.
14. Considerada como o esteio da Igreja e da Nação Holandesa, durante séculos (na forma mais abrangente da Soberania de Deus – pois penetrou a vida plena da nação, inclusive na política), o que pode ser constatado nos movimentos missionários e de catequização deflagrados pelos holandeses nos séculos 16 e 17 e, mais contemporaneamente, nas vidas e escritos de KUYPER, BAVINCK e outros ilustres homens de Deus, daquele país.
15. Considerada a mola mestra dos movimentos missionários desencadeados pela Igreja Norte Americana, pois constituía a doutrina explanada pelos grandes doutores, tais como Charles Hodge, Benjamin Warfield, Dabney e tantos outros. Neste sentido, esteve presente no Brasil desde o início da Igreja Presbiteriana, pois era a doutrina dos antigos missionários (a começar com Simonton – discípulo de Hodge) e dos primeiros pastores formados por estes, tais como o Dr. Antônio Almeida e muitos outros.
16. Infelizmente, esquecida e relegada a segundo plano por quase todo o mundo evangélico contemporâneo, mais preocupado que está com os “modismos” da época, em vez de concentração nas raízes sólidas da doutrina bíblica e na aplicação destas às pessoas, em todas as suas atividades. Este esquecimento foi provavelmente causado pelo advento do Dispensacionalismo, há cerca de 150 anos, que, popularizado pela Bíblia de Scofield, tomou conta da mensagem e da teologia da maioria das denominações, até da Igreja Presbiteriana, no maior reavivamento de Pelagianismo e Arminianismo desde a aparição destas correntes.
17. Necessária no ensinamento das Igrejas, que deveriam rever os seus Padrões de Doutrina, achegando-se cada vez mais à Palavra, para que a posição de Deus venha a ser exaltada, e para que o Evangelho puro possa ser pregado, para a glória do Seu Nome.
Acreditamos, portanto, que a Doutrina da Predestinação é bíblica; harmoniza-se com o todo da revelação da pessoa de Deus, conforme as Escrituras; e tem sido sustentada pelo testemunho dos segmentos fiéis da igreja de Cristo. Em artigo próximo, examinaremos algumas objeções contra a doutrina da predestinação e concluiremos este estudo.

Examinando e Expondo a Palavra de Deus aos Nossos Dias:

Isaías 1:18-20 "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse."

Atos 17:2-3 "Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio."

Permissão é livremente concedida a todos que quiserem fazer uso dos estudos, artigos, palestras e sermões colocados neste site. Pedimos, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Apreciaríamos, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).
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terça-feira, 22 de março de 2011

Jeoá Shammar - O Senhor Está Ali - Pr. David Wilkerson / Buscai Primeiro - VPC


by David Wilkerson | January 14, 2011
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Para ser um membro da verdadeira igreja de Deus, você deve ser conhecido pelo nome de Jeová Shammah – "O Senhor está ali "(Ezequiel 48:35). Outros devem ser capazes de dizer de você, "Esta claro para mim que o Senhor está com essa pessoa. Toda vez que eu o vejo, eu sinto a presença de Jesus. Sua vida realmente reflete a glória de Deus ".

Se formos honestos, temos de admitir que nós não sentimos a doce presença do Senhor nos outros com muita freqüência. Por quê? Os cristãos gastam o seu tempo envolvidos em atividades religiosas boas - grupos de oração, estudos bíblicos, ministérios de extensão - e isso é tudo muito louvável. Mas muitos desses mesmos cristãos gastam pouca ou nenhuma hora ministrando ao Senhor, no lugar secreto de oração.

A presença do Senhor simplesmente não pode ser falsificada. Isso é verdadeiro e se aplica a vida de um indivíduo ou ao corpo da Igreja. Quando falo da presença de Deus, eu não estou falando de algum tipo de aura espiritual que rodeia uma pessoa mística ou que desce em um culto na igreja. Pelo contrário, estou falando sobre o resultado da simples mas poderosa caminhada de fé. Se isso se manifesta na vida de um cristão ou uma congregação inteira, ele leva as pessoas a tomar nota. Eles dizem a si mesmos: "Esta pessoa tem estado com Jesus", ou "Esta congregação realmente acreditam no que eles pregam."

É preciso muito mais do que um pastor justo para produzir um Jeová Shammah na igreja. É preciso de justos, que entram na presença de Deus. Se um estranho sai de um culto na igreja e diz: "Eu senti a presença de Jesus ali", você pode ter certeza que não foi só por causa da pregação e adoração. Foi por causa de uma congregação de justos que haviam entrado na casa de Deus, e a glória do Senhor habitava no meio deles. 

Devocional.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Cristo é o caminho da vida: Haroldo Azevedo / Salmos de Davi: Si Vas Perdido

Seja bem vindo a este blog. "O Caminho" tú precisas de salvação, precisas de perdão e tú só poderás encontar em Cristo Jesus.Não há outra maneira de seres salvo e perdo. A Bíblia nos diz: Todos se extraviaram e juntamente se corromperam;não há quem faça o bem, não há nem um se quer. Salmo 14.3. O teu coração está enquadrado neste versiculo e não podes fugir a está realidade espiritual ainda que venhas a enganar a ti mesmo fugindo dela. Eu como Cristão não sou bom tudo o que tenho e sou procede de Cristo e não de mim. "Aquele que não conheceu pecado, Ele se fez pecado pecado por nós; para que, nEle, fossemos feitos justiça de Deus". 2 Cor. 5.21. A Bíblia nos diz que sem Cristo o homem é corrupto e imundo " não há um que pratique o bem, não, nem um (Sl.14.3). Estas perdido isto é um fato, mas Cristo está te procurando e assim como me achou achará a ti também. Não é pelas tuas próprias forças que serás encontrado, não. Nem porque és pobre ou rico, sabio ou inculto, mas poque és pecador transgressor dos mandamentos de Deus e para ti há um juizo eterno em vista ( E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juizo, Hb. 9.27), e Cristo te quer salvar desse juizo eterno. Pense com cautela nisso a morte de Cristo não foi envão para os que se arrependem e caminham ao Seu lado. Jesus morreu para dar a ti a oportunidade de reviver se tão somente nEle creres.


"Embajadores de Jesucristo" Tinku(Mundo Cruel)




O Cristianismo nos trás alegria e tristeza por aqueles que se perdem, mas a mensagem continua sendo pregada e anunciada a todos indistintamente. Uma alma feliz canta, dança louva a Deus pela liberdade é o que vemos nesta canção quando neste mundo cruel somos encontrados por Cristo Jesus.

Lentary

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Ira de Deus é Eterna como Ele – Jonathan Edwards

Ira de Deus é Eterna como Ele – Jonathan Edwards

Já seria algo terrível sobre o furor e a cólera do Deus Todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda a eternidade. Essa intensa e horrenda miséria não terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E vocês irão se desesperar, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo, alívio ou descanso para tanta dor. Saberão também, que terão de sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança inclemente e todo-poderosa. Então, depois de passar por tudo isso, quando tantos séculos vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota d'água quando comparado ao que ainda resta. Portanto, vosso castigo será, com certeza, infinito. Oh!, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão da realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira de Deus?"

Que horrendo é o estado daqueles que diariamente, a cada hora, se encontram em perigo de sofrer tamanha ira e infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que seja. Queira Deus vocês pensassem em todas essas coisas, sejam jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito, e que estejam até se gabando de que, no caso deles, conseguirão escapar. Se soubéssemos que dentre os nossos conhecidos existe uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encarar o assunto. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos levantar grande choro, e prantear por sua causa. Mas, infelizmente, em vez de uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações somente no inferno! E inúmeras pessoas podem estar no inferno em breve tempo, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá antes do amanhecer. Todos os que dentre vocês continuarem até o fim em estado natural pecaminoso, e que conseguirem ficar fora do inferno por mais tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vocês, de maneira repentina. Vocês têm toda razão em se admirarem de não estar ainda no inferno. É ocaso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, que não mereciam o inferno mais do que vocês e que antes aparentavam ter possibilidade de estarem vivos agora tanto quanto vocês. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos, cercados pelos meios de graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, pela oportunidade de viver mais um só dia, como que vocês desfrutam neste momento!

E agora vocês têm uma excelente ocasião. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par, e se coloca de pé clamando e chamando em alta voz aos pobres pecadores. Este é o dia em que muitos estão se reunindo a ele, se apressando em chegar ao reino de Deus. Inúmeros estão vindo diariamente do norte, sul, leste e oeste. Muitos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro, e os lavou de seus pecados com seu próprio sangue, regozijando-se na esperança de ver a glória de Deus. Como é terrível ser deixado para trás num dia assim! Ver os outros se banqueteando, enquanto vocês estão penando e se definhando! Ver os outros se regozijando e cantando com alegria no coração, enquanto vocês só têm motivos para prantear por causa do sofrimento de seus corações, e de lamentar por causa das aflições e vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado de alma? Será que vossas almas não são tão preciosas como as almas daqueles que, dia a dia, estão se juntando ao rebanho de Cristo?

Não existem, porventura, muitos que, apesar de estarem há longo tempo neste mundo, até hoje não nasceram de novo, e por isso são estranhos à comunidade de Israel, e nada têm feito durante a vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh! senhores, o caso de vocês é, sem dúvida, extremamente perigoso. A dureza de vossos corações e a vossa culpa são imensas. Acaso vocês não vêem como geralmente pessoas de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Vocês precisam refletir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira do Deus infinito. E vocês que são rapazes e moças, irão negligenciar este tempo precioso que desfrutam agora, quando tantos outros jovens de vossa idade estão renunciando às futilidades da juventude e acorrendo céleres a Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram em pecado os dias mais preciosos de sua mocidade, chegando a uma terrível situação de cegueira e insensibilidade. E vocês crianças, que não se converteram ainda, não sabem que estão indo para o inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que agora está encolerizado contra vocês dia e noite? Será que vocês ficarão felizes em ser filhos do diabo, quando tantas outras já se converteram e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?

Queira Deus todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendentes sobre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, ou pessoas de meia idade, quer jovens ou crianças, que possam dar ouvidos agora aos chamados da Palavra e da providência de Deus. Este ano aceitável do Senhor que é um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros. Quando negligenciam suas almas os corações dos homens se endurece, e a sua culpa aumenta rapidamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produz fruto, deve ser cortada e lançada no fogo.

Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de Sodoma: " Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças ."

“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens”. “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”. (II Coríntios 5.11-20; 6.2). “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” . (Isaías 55.6-7). Amém. Fonte :

Por Amor do Seu Nome – Jonathan Edwards

Por Amor do Seu Nome – Jonathan Edwards

[O nome de Deus é o objeto da deferência mais elevada das criaturas santas e do próprio Deus]

Devo observar aqui, em primeiro lugar, algumas passagens das Escrituras que se referem ao nome de Deus como o objeto da sua deferência e da deferência das criaturas virtuosas, santas e inteligentes, de maneira bastante semelhante àquela que observamos a respeito da glória de Deus.

O nome de Deus é, de igual modo, referido como o fim dos seus atos de bondade para com a parte boa do mundo moral, e de suas obras de misericórdia e salvação para com o seu povo. É o que vemos em 1 Samuel 12.22: "Pois o SENHOR, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo"; Salmo 23.3: "Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome"; Salmo 31.3: "Por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás"; Salmo 109.21: *Age por mim, por amor do teu nome"; 1 João 2.12: "Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome"; Salmo 25.11: "Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniqüidade, que é grande"; Salmo 79.9: "Assiste-nos, ó Deus e Salvador nosso, pela glória do teu nome; livra-nos e perdoa-nos os pecados, por amor do teu nome"; Jeremias 14.7: "Posto que as nossas maldades testificam contra nós, ó SENHOR, age por amor do teu nome".

Essas afirmações parecem mostrar que a salvação em Cristo é por amor ao nome de Deus. Conduzir e guiar pelo caminho da segurança e da felicidade, restaurar a alma, perdoar os pecados, bem como o socorro, o livramento e a salvação decorrentes dessas providências, são atos realizados por amor ao nome de Deus. E podemos observar que as duas grandes salvações temporais do povo de Deus - a libertação da escravidão no Egito e do cativeiro na Babilônia -, representadas com freqüência como imagens ou similitudes da redenção em Cristo, costumam ser referidas como realizações por amor ao nome de Deus.

Daí a grande obra de Deus ao livrar o seu povo do Egito e conduzi-lo a Canaã. 2 Samuel 7.23: "Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome"; Salmo 106.8: "Mas ele os salvou por amor do seu nome"; Isaías 63.12: "Aquele cujo braço glorioso ele fez andai" à mão direita de Moisés? Que fendeu as águas diante deles, criando para si um nome eterno?". No capítulo 20 de Ezequiel, Deus faz uma recapitulação das várias partes dessa obra maravilhosa, acrescentando ocasionalmente: "J^-quefiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante das nações", como pode ser visto nos versículos 9,14,22. (Veja também Js 7.8,9 ["E, então, que farás ao teu grande nome?"]; Dn 9.15 ["Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome"].)

E assim foi na redenção do cativeiro na Babilônia. Isaías 48.9,11: "Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo... Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome?". Ezequiel 36.21,22,23 apresenta o motivo para a misericórdia de Deus ao restaurar Israel: "Mas tive compaixão do meu santo nome ... Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós70 que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome... que foi profanado entre as nações". E em Ezequiel 39.25: "Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Agora, tornarei a mudar a sorte de Jacó e me compadecerei de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome". Daniel ora pedindo que Deus perdoe o seu povo e use de misericórdia para com ele "por amor de ti mesmo" (Dn 9.19).

Quando Deus fala, ocasionalmente, de mostrar misericórdia e usar de bondade e promover a felicidade do seu povo, por amor ao seu nome, não podemos entender que se trata de um fim meramente subordinado. Seria extremamente absurdo dizer que ele promove a felicidade do povo por amor ao nome dele de modo subordinado ao bem do povo, e para que o nome dele seja exaltado apenas para o benefício do povo, como um meio para a felicidade deles!71 Especialmente quando são usadas expressões como, "Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome?" e "Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome... "Não é por amor de vós que eu faço isto... mas pelo meu santo nome".

Mais uma vez, as Escrituras mostram que o povo de Deus existia, pelo menos como tal, por amor ao nome de Deus. Isso fica implícito no fato de Deus tê-lo redimido ou comprado, para que pudesse ser o seu povo, para o seu nome. Como nas passagens mencionadas, temos 2 Samuel 7.23: "Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome". O fato de Deus fazer de Israel um povo para o seu nome também fica subentendido em Jeremias 13.11: "Porque, como o cinto se apega aos lombos do homem, assim eu fiz apegar-se a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o SENHOR, para me serem por povo, e nome". Atos 15.14: "Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome".

Esse fato também é referido como o fim visado pela virtude, pela religião e pela conduta íntegra dos santos. Romanos 1.5: "por intermédio de quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé, entre todos os gentios"; Mateus 19.29: "E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ... por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna"; 3 João 7:"... pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios"; Apocalipse 2.3: "E tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer".

E vemos que as pessoas santas expressam anseio por isso e alegria nisso do mesmo modo que o fazem em relação à glória de Deus. 2 Samuel 7.26: "Seja para sempre engrandecido o teu nome"; Salmo 76.1: "Conhecido é Deus em Judá; grande, o seu nome em Israel"; Salmo 148.13: "Louvem o nome do SENHOR, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade [glória na versão da Bíblia usada pelo autor- N.T.] é acima da terra e do céu". Salmo 145.13: "O teu reino [nome na versão da Bíblia usada pelo autor - N.T.] é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por todas as gerações"; Isaías 12.4: "Tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome".

De acordo com as Escrituras, os julgamentos que Deus executa sobre os perversos são por amor ao seu nome, do mesmo modo como o são para a sua glória. Êxodo 9.16: "mas, deveras, para isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o meu nome anunciado em toda a terra"; Neemías 9.10: "Fizeste sinais e milagres contra Faraó e seus servos e contra todo o povo da sua terra, porque soubeste que os trataram com soberba; e, assim, adquiriste renome, como hoje se vê".

E é dito que esse nome é conseqüência das obras da criação, como o é, também, a glória de Deus. Salmo 8.1: "O SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nomel Pois expuseste nos céus a tua majestade" ["glória" na versão da Bíblia usada pelo autor -N.T.]. Na conclusão das observações acerca das obras da criação, o Salmo termina da seguinte maneira no versículo 9: "O SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nomel". O mesmo se dá no Salmo 148.13, depois da menção específica das diversas obras da criação: "Louvem o nome do SENHOR, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade é acima da terra e do céu". ler mais em :